Sobre o projeto

Antropologia dos Smartphones e Smart Ageing é um projeto de pesquisa multisituado, desenvolvido pelo Departamento de Antropologia da UCL (University College London) e financiado principalmente pelo European Research Council (ERC).

O projeto reúne uma equipe de 10 antropólogos que realizarão, durante 16 meses, uma etnografia simultânea na Irlanda, Itália, Camarões, Uganda, Brasil, Chile, Leste de Jerusalém, China e Japão. O projeto teve início em outubro de 2017 e a fase de pesquisa de campo começa em fevereiro de 2018. O objetivo desse projeto colaborativo de cinco anos é realizar uma análise comparativa sobre os impactos dos smartphones na experiência do envelhecimento, focando suas consequências para a meia-idade e suas contribuições para as iniciativas de Mobile Health.

Como o crescimento global dos smartphones tem afetado o modo como as pessoas gerenciam o envelhecimento e a saúde?

Nós examinaremos como a experiência de envelhecimento é vivenciada por pessoas entre 45 e 70 anos, uma faixa etária que não é nem jovem, nem idosa. Essas pessoas de meia-idade experimentam uma aumento na expectativa de vida e também uma profunda mudança em suas aspirações e projetos para essa segunda metade da vida. Ao focarmos esses estudo nos usos de smartphones, em particular nas suas aplicações para a saúde, buscamos refletir sobre os efeitos dos meios digitais sobre essa nova e ambivalente faixa etária. Os smartphones viabilizam um crescimento de nossas habilidades justamente em uma fase da vida em que doenças e enfermidades podem comprometer nossas capacidades

As iniciativas de Mobile Health se voltam cada vez mais às necessidades das populações mais velhas, auxiliando as pessoas no enfrentamento e tratamento de efermidades, doenças e limitações. Além dessas iniciativas viabilizarem e ampliarem o acesso a cuidados médicos, por outro lado, elas também viabilizam um gerenciamento da saúde mais autônomo e independente, que opera em substituição ou complemento aos profissionais de saúde.

Pode uma etnografia comparativa contribuir para uma contextualização cultural que torne as intervenções de Mobile Health mais eficientes?

Nosso objetivo é otimizar as intervenções promovidas pelas iniciativas de Mobile Health através do design participativo orientado pelo estudo etnográfico. Para nós, a inteligência implicada nos moldes do envelhecimento estruturado como Smat Ageing é reconhecida como a forma criativa com a qual as pessoas se apropriam da tecnologia, criando usos que extrapolam uma intervenção imposta de cima para baixo. Neste sentido, mobilizaremos a colaboração entre três partes, envolvendo profissionais de saúde, nosso time de etnógrafos e os informantes de cada campo de estudo.

Nós combinaremos o desafio intelectual de compreender o impacto das novas mídias no envelhecimento contemporâneo com um desafio aplicado deste conhecimento na tentativa de tornar as intervenções na área de Mobile Health mais efetivas. Ambos os desafios – o intelectual e o aplicado – dependerão de uma sensibilidade para as diversidades culturais que nossa pesquisa etnográfica revelará.

Quais são os resultados para a antropologia e quais seus impactos?

Esse exercício de antropologia aplicada está inserido no campo da antrolopologia digital, a qual, até o presente momento, ainda não abordou o uso de smarthphones de uma perspectiva global e comparativa. Nossa intenção é publicar uma série de de monografias e volumes comparativos com livre acesso, voltados para uma audiência de antropólogos mas também para o público em geral. Nós também compartilharemos nossos achados neste site, em filmes e em uma série de materiais didáticos, na mesma linha dos materiais produzidos para disseminação dos conhecimentos gerados pelo projeto Why We Post.

Smartphones

Nossas etnografias vão explorar como o uso de smartphones afeta praticamente tudo na vida das pessoas, desde seus relacionamentos até sua participação na vida cultural, incluindo atividades de lazer. Nós acreditamos que esse é um momento propício para uma etnografia comparativa que contribua para o entendimento da cultura de aplicativos, bem como sua relação com o envelhecimento e a saúde. Nesse sentido, estamos comprometidos com o estudo dos usos e impactos dos smartphones em 11 diferentes campos de pesquisa.

Smart Ageing

A idade é um aspecto central no modo como as sociedades se organizam. Entretanto, práticas baseadas na idade, como a aposentadoria, ainda não se adaptaram ao aumento da expectativa de vida em diversas regiões. Pessoas entre 45-70 anos conciliam a ambivalência entre a autoridade advinda com o envelhecimento e o status da eterna juventude. Para nós, “smart ageing” significa reconhecer que a meia-idade vem sendo redefinida pela era digital e isso inclui os modos criativos e inteligentes como as pessoas se apropriam da tecnologia.

m-Health

Atualmente, um grande número de aplicativos de mHealth são lançados em todo o mundo com o potencial de melhorar o acesso a informações e serviços na área da saúde. Entretanto, neste processo, há sempre o risco de substituir conhecimento médico profissional por informações desreguladas e informais, capazes de prejudicar o relacionamento entre profissionais de saúde e pacientes. A partir da observação dos contextos sociais e culturais, nosso projeto visa compreender essas relações e negociações, gerando conhecimentos teóricos e práticos que contribuam para esse campo em desenvolvimento.

Campos de Pesquisa

O time

A maior parte do time está baseado na UCL e conta com financiamento do European Research Council (ERC). O time inclui estudantes de doutorado, pós-doutorado e acadêmicos em tempo integral. O projeto também inclui a colaboração de outros departamentos da UCL, além de outras instituições e fontes de fomento à pesquisa científica.

Veja a relação de projetos parceiros.

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